Rui C. Antunes
Para a Condição Humana é uma peça simbólica que representou um ponto de vista pessoal sobre o que é a existência efémera do Homem perante o mundo que o rodeia. Portanto, elementos simbólicos estão presentes na minha interpretação para música desta condição.
Ao longo da peça, as paisagens geladas opõem-se a breves momentos de luz, e a progressão da peça é realizada quase exclusivamente pelo ostinato que começa em pizz. no violoncelo. A par deste ostinato, o motivo inicial que é apresentado em primeiro lugar pelo primeiro violino e a melodia tocada pela primeira vez pelo violoncelo são os elementos que fazem as camadas lineares das secções lentas.
A parte central, através do seu carácter diferente, está ligada às paixões mundanas.
Com uma forma ternária (A-B-A'), a reexposição (A') é caracterizada mais uma vez pela paisagem inicial calma e, mais tarde, pelo ostinato em pizz., embora agora seja interrompida por uma breve secção que vem como uma lufada de ar fresco no meio do ritmo pesado da música.
O final da peça tem um carácter calmamente conclusivo, contudo, não termina na sua tonalidade inicial (ré menor), mas sim na sua relativa maior (fá maior), tentando assim demonstrar que a condição humana não tem um carácter definitivo, ou pelo menos conhecido.